Tema: Simplicidade

São precisos, importantes. Quando se trata de amar os outros e quando se trata de amar a Deus. Não é piegas, é coerente!

Imagina uma mãe que nunca abraçou o filho, nunca lhe disse ao ouvido palavras ternurentas, nem deixou escapar pelo olhar um pormenor de afeto… Por muito amor que guarde, dirias que é perfeita a sua expressão?

Assim é contigo, que escondeste a sensibilidade na gaveta e agora pretendes amar sem corpo… Deixa-te disso! E lança um beijo à tua mãe do Céu.

Já não és uma criança. A vida é uma coisa séria, traz obrigações e responsabilidades. E tens de as assumir: não podes ser o engraçadinho que faz rir os outros porque quebra as regras, porque é desleixado e irreverente. Faz-te adulto.

Diante de Deus ainda és uma criança. E as responsabilidades da vida ficam entregues nas mãos do teu Pai, depois de fazeres o que podias. Assim vives com leveza, com sentido de humor, rindo-te de ti próprio e da importância que te dás. Sem medo de um Deus que te quer feliz. Faz-te pequeno.

Não houve santos tristes.

Nem andar de bicicleta, nem fazer o pino, nem tocar piano, nem chegar com a língua ao nariz!

Nem interessa. Tens outros talentos que não deves comparar para invejar, presumir ou entristecer-te.

Também podes não ser um génio, nem ter jeito para falar, nem manter a serenidade, nem dominar por completo os estados de ânimo, nem ser muito interessante, nem focar a atenção.

És tu, com vitórias e derrotas, a lutar para pôr a render essas outras maravilhas que Deus te deu. Assobiando alegremente. Ou então, não!

Fazes muitas contas. Dás peso a virtudes e pecados e controlas a tua balança. Ora tens saldo para fazer umas asneiritas, ora corres a praticar a virtude com medo que Deus te apanhe distraído.

No meio é que está a virtude, dizes. E vais mantendo o jogo empatado, contando dar mais no prolongamento, mas com um secreto medo da cega justiça dos penalties.

Quem faz contas à entrega, joga mal e sem gosto. O mais provável é que desista.

Quem entra em campo por amor, cansa-se e sofre. Mas receberá, do próprio Cristo, a coroa da glória.

Por isso o escolhem para a equipa.

Não inventa muito, não desiste a meio, não amua e não complica. Compromete-se e entrega, dentro do prazo, o que disse que entregava.

Antes de trabalhar como um génio, tenta trabalhar bem. É um serviço. E se procurares Deus no trabalho, ainda podes servir passando despercebido.

Estou bem aqui? O que pensa de mim aquele? E o chefe, o que pensa? Estou atrás dos outros. Terei futuro? Porque não aproveitei aquela oportunidade? Estão todos a casar. Ainda haverá alguém? Nota-se que me preocupo?

Podes ficar às voltas o tempo que quiseres, entristecer-te e desanimar com previsões e adivinhas, dar lugar ao medo que hoje resolveu ocupar o espaço todo.

Ou podes pôr-te de lado e, por uns momentos, pensar nos outros. Se os podes alegrar, como podes servir, como os farás sorrir ao chegar a casa, quem gostaria da tua chamada, quem vai agradecer o teu tempo. E em Jesus, que aguarda um olhar teu. Nem sempre consegues: hoje tentas.

Vive para fora. O lado de dentro risca-se com facilidade.

Era um advogado católico, que trabalhava pro bono um dia por semana, para ajudar quem precisa.

Era uma secretária católica, que tinha no local de trabalho um crucifixo, para se lembrar de Deus a cada momento.

Era um motorista de autocarro católico, que cumprimentava todos os que entravam.

Era um político católico, que defendia o bem comum, a dignidade da pessoa humana, a centralidade da família e a liberdade de educação.

Era uma universitária católica, que guardava tempo para ir à missa diariamente.

Heróis de todos os dias. «Santos ao pé da porta», como diz o Papa Francisco. Queres ser um deles?

Apareceste nas aulas todo transpirado. Apanhaste uma molha. Nasceu-te uma borbulha enorme no meio da testa. Deixa-me dizer-te com simplicidade: às vezes, vais parecer ridículo. Mesmo que não tenhas culpa. Mesmo que faças tudo o que podes para o evitar. Sorri e entrega a Deus até esses momentos. Eles lembram-te que não és perfeito, és de carne e osso. E, à força desses pequenos golpes de humilhação, hás-de ganhar um carácter humilde.

Quando eras criança, não te deitavas sem rezar ao Anjo da guarda. Pensavas em Nossa Senhora, em São José, com espanto e comoção. Pegavas no Menino do presépio para o aqueceres com as mãos. Mas foste perdendo esses hábitos. Envergonhas-te deles. São coisas de criança, indignas da tua maturidade e racionalidade. De criança? Talvez. Mas delas é o Reino dos Céus.

Pode dar jeito, é uma oportunidade, baratíssimo, quase dado!

E acumulas coisas, que te consolam algum tempo: o vazio e fugaz consolo de quem se contenta com ter.

Passa-se um bom bocado no teu quarto a ver coisas giras, em quantidade, a que não ligas e não usas.

Com menos, serias mais livre.

Agradece várias vezes. Agradece tudo. Alegrias, necessidades, sofrimentos, conquistas. Tudo é dom, oportunidade, redenção.

Quando nos reconhecemos precedidos pela graça, a nossa oração é agradecida.

E uma alma agradecida é alegre e humilde.

És brilhante, sabes imenso, falas bem. Mas não ouves.

Não estás sequer atento ao que te contam, queres logo dar a tua opinião, a visão do entendido. Não te importa quem está à tua frente, desde que te ouça. Interrompes e esclareces.

Terás coisas muito interessantes para dizer... mas cansas.

Antes que fiques sozinho, escuta alguém além de ti próprio. É dos outros que se aprende.

Mais ainda? Ressuscitou dos mortos e não acreditaram!

Ou devia mostrar-se com a imagem que tu tens de dele? Como um mágico? Um herói? Um trovão? Um fenómeno espantoso?

Isso seria Deus?

Não ponhas condições ao Criador. Ele não te obriga a segui-Lo. Não quer apenas que creias, mas que O queiras, e queiras crer. Pode amar-se de outro modo?

A beleza da Criação. As ondas do mar, os altos pinheiros, as montanhas, o sol a pôr-se. O frio, o vento, o milagre da chuva, o calor do meio-dia.

Podiam escrever-se milhares de páginas, com cálculos e gráficos, a explicar cientificamente todos estes fenómenos. Mas nada explica a vertigem que o meu coração sente diante da beleza do mundo criado.

É quase… mas não pode ser… Será que foi criado para mim?!

Sim, o mundo é bom. As coisas fazem sentido, obedecem a uma ordem, comportam-se segundo leis científicas inscritas na própria natureza. Já te deixaste espantar por isso?

Os cristãos não têm medo da ciência. Foi um monge que começou o estudo da genética. Foi um padre que desenvolveu a teoria do Big Bang. Grandes biólogos, astrónomos, químicos, físicos e médicos foram católicos. E a Igreja fundou, desde o início da Idade Média, todas as grandes universidades europeias. Amamos o conhecimento. Amamos a ciência. Quanto mais aprendemos sobre o nosso mundo, mais conhecemos sobre o génio de Deus, que tudo criou com sabedoria e amor.

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