Tema: Carácter

És muito pessimista. Isso é mau e desanima-nos.

Às vezes exasperas. É que não há razão para dizer que vai correr mal, se fizeste com tempo o que devias ter feito. Nem para dizer que há problemas quando ainda não tens sinais deles. Nem que está tudo errado quando estão todos tranquilos.

Vive com o otimismo da fé, como quem faz as coisas para Deus. Trabalha com esforço e responsabilidade e deixa os frutos nas mãos do Senhor. Olha para o que os outros suportam e ajuda-os a ver primeiro o que é bom.

Deus não perde batalhas. Não as perderás se estiveres do Seu lado. Sê realista, contando que Deus vê as coisas melhor do que tu. E não estragues o ambiente por ter medo de falhar.

És muito otimista. Isso é bom e dá-nos ânimo!

Mas às vezes exasperas. É que não há razão para dizer que vai correr bem se não fizeste o que devias ter feito. Nem para dizer que não há problema quando os outros estão cheios deles. Nem que está tudo bem quando estão magoados contigo.

Vive com o otimismo da fé, não com intuições e fezadas. Trabalha com esforço e responsabilidade, não com palpites e sorte. Olha para o que os outros suportam, não para o teu umbigo.

Deus não perde batalhas mas tu perdes. Se não fores realista, acabarás por não dar luta às que podias vencer. E atropelas alguém.

Não te importa ser bom, agir bem, fazer o que está certo. Apenas ser bem visto.

E vais à confissão arrependido do que viram, não do que fizeste. Dói-te mais que vejam as tuas fraquezas do que virar as costas a Deus. Acabas por pecar para ficar bem.

E vives com medo dos homens e de Deus.

Olha para a cruz. Pensa no que Jesus te oferece e como o recusas. Pede-Lhe amor e dor de amor. E agradece o Seu olhar constante, atento e amoroso, sobre ti, tão diferente do teu olhar sobre os outros.

Os transportes, a indisposição, a insónia, o esquecimento...

Depois de tantas vezes já percebemos que o problema não está em nada disto. É a tua falta de interesse, de trabalho e de previsão. Desculpa: no fundo, pensas em ti.

Ninguém to disse, mas parece que mentes. Talvez primeiro a ti próprio. É que achas sempre que alguém, com pena, fará por ti o que tens de fazer.

E ser adulto?!

Bonito tempo de descoberta e crescimento. De conhecer-se e de enfrentar medos. De crescer em liberdade.

Que pena se se consome na construção de um mundo oculto, numa interioridade irreal, numa vida de pecado escondida, dupla, numa relação de medo com os outros.

Tu já não és adolescente nenhum, mas tens a mesma tentação de te refugiares no que controlas, de mascarar os teus defeitos, de estar apenas no que podes assegurar, de viver como não és, longe dos olhares verdadeiros.

Cresce. Sai de ti mesmo ou serás um eterno adolescente. E os que vierem depois porão os olhos em quem?

Tens no coração o bom desejo de levar a mensagem de Cristo a todos, sem exceção. Mas meteste na cabeça a ideia de que, para o conseguir, deves aguar essa mensagem, tirar-lhe radicalidade, omitir o que choca.

Por isso, não dizes nada. Só o que é simpático e consensual. Até gostam de ti, mas quando se ouve o que dizem todos, tanto faz quem se segue.

Não desfigures o rosto de Jesus, não mudes a Sua mensagem. Muda tu: em compreensão, em generosidade, em simpatia, em caridade. E em coragem! Assim poderás chegar a todos, dizendo tudo.

É claro que tens lutas, com vitórias e derrotas. Mas isso é diferente de escolher ser diferente em momentos diferentes! Só para ficar bem.

No trabalho és atento, em casa não. Em casa és católico, com amigos não. Com amigos tens estilo, na igreja não. Na igreja és comprometido, na noite não. Na noite tens energia, para ajudar não. Ao ajudar és crente, no Instagram não.

Qual deles és tu? Já sei que o ambiente é difícil mas, se não escolhes ser coerente, aceitas ser traidor. Se te dizes católico, mostra-o.

Por coisas de nada! Uma ideia que não passou, um deslize que outros viram, a sensação de não ser tão estimado, um desejo que não viste satisfeito, a expectativa que não cumpriste.

Perdeste. E deixas-te cair na tristeza, no papel de coitadinho, por coisas que são pouco mais do que orgulho ferido.

Jesus, que esqueceste por momentos, está a tentar dizer que não foi derrota nenhuma. E que, ainda que fosse, está ali para te levantar.

Estende a mão. Não vale de nada procurar consolo longe de Deus.

Não és corajoso, muito menos temerário.

Mas há um mínimo que tens de ser capaz de fazer. Senão, nunca poderás assumir responsabilidades. E não há vida que não as peça.

Por isso, procura vencer-te nessas pequenas batalhas que pedem toda a tua bravura: dar uma opinião da qual podem discordar, guiar numa rotunda movimentada, dizer que não, fazer uma figura para alegrar alguém, olhar nos olhos, decidir, pedir donativos, declarar-se, ser sincero na confissão...

Se pedires, Deus ajuda. Estás em boas mãos.

Os mais novos vivem de esperança: têm pouco passado e muito futuro pela frente.

Tu já viveste uns aninhos mas acreditas na vida eterna: tens algum passado e um maravilhoso futuro pela frente.

Por isso, poderás ser sempre jovem, com a simplicidade e o ímpeto de quem se sabe amado. Mas não tens de aparentar!

Nem disfarçar: não estás velho, só experiente. E pronto para o que Deus quiser.

Crescemos à mesa.

Ali aprendemos a viver rodeados, a partilhar, repartindo o que nos é necessário. Aprendemos a generosidade deixando o bife maior, a temperança esperando pelos outros, a escuta quando todos querem falar, o serviço passando e pedindo a água, os modos falando ou comendo. Aprendemos a agradecer rezando com simplicidade, aprendemos a pobreza comendo o que nos dão.

Tão diferente das refeições solitárias, à porta do frigorífico, comendo por capricho o que um influencer aconselhou. Tão diferente dos jantares vidrados na televisão ou no que diz o telefone de cada um.

Hoje, quando os apelos à solidariedade facilmente se tornam vazios, devíamos recordar mais vezes o grito da mãe na nossa infância: para a mesa!

Disparas em todas as direções. Quando não concordas és terrível: desmontas ideias, destróis argumentos, mordes!

Mas ninguém sabe o que pensas. Não tens nenhuma proposta, não ofereces alternativa: destróis para nada erguer.

Parecia que a tua vida tinha um rumo. Afinal, só sabes por onde não ir. É assim que esperas que alguém te acompanhe?

Não contavas com o que te aconteceu, nem com o que te disseram. Pensavas-te mais fiável, mais responsável.

E ficaste paralisado. De repente és muito pior, todos pensam mal de ti, o futuro tem pouca saída...

Calma! Não aconteceu nada. É bom perceber o que podes melhorar, é bom ter quem to diga com frontalidade. Ninguém ficou a pensar que eras uma pessoa diferente por teres feito um erro.

Não te precipites e não exageres: agarra o desafio, com tempo. É assim que se cresce.

Fugimos do tédio para cair nele. Não suportamos o silêncio, a espera. Vivemos de distrações que não nos dizem nada.

Consumimos, acumulamos. E esquecemos tudo. Não queremos aprender, não sabemos observar, não escolhemos construir.

Cercados por ecrãs, com os ouvidos tapados, as mãos ocupadas, o olhar hipnotizado, fingimo-nos ocupados com o que sabemos ser vazio.

Não estava mal reaprender a não fazer nada, para recomeçar a fazer alguma coisa.

Vives de eventos, momentos mais ou menos breves que te entusiasmam por Deus. E não transformas essas experiências em vida. Deus falou-te e queria continuar a conversa, mas tu só O ouves quando é intenso.

Que pena! Podias crescer na amizade com Ele.

Escreve o que te ajudou na oração, para poderes voltar a essa ideia. Concretiza em ações as luzes que tiveste para serem mais do que bons desejos. Se te impressionou o testemunho de alguém, pensa que coisas se aplicam à tua vida. Se saboreaste um tempo de maior relação com Deus, traz isso para o teu dia-a-dia. Se tocaste o amor de Jesus por ti, procura amar em resposta.

Não perguntes apenas se foi bom. Quanto ficou?

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