Tema: Liberdade

És muito disponível. Quase sempre movido por uma genuína vontade de ajudar. Mas, na verdade, sabes que há outros motivos para essa generosidade.

Estás disponível para quem te elogia, disponível para pessoas bonitas, disponível para o que gostas, disponível para os influentes, disponível para o que promete...

E não estás disponível em casa.

Já sei que é onde passas mais tempo, mas há uma prontidão e empenho, que mostras noutros lugares, que não tens na tua principal missão. E reclamas, sobrecarregado, com o muito que já fazes.

Antes do que apetece, faz o que deves. Do que te atrai fora, existe melhor em casa.

Tens no coração o bom desejo de levar a mensagem de Cristo a todos, sem exceção. Mas meteste na cabeça a ideia de que, para o conseguir, deves aguar essa mensagem, tirar-lhe radicalidade, omitir o que choca.

Por isso, não dizes nada. Só o que é simpático e consensual. Até gostam de ti, mas quando se ouve o que dizem todos, tanto faz quem se segue.

Não desfigures o rosto de Jesus, não mudes a Sua mensagem. Muda tu: em compreensão, em generosidade, em simpatia, em caridade. E em coragem! Assim poderás chegar a todos, dizendo tudo.

Tens lutas difíceis para enfrentar. Ganhar novos hábitos, mudar rotinas, cortar de vez com esse erro.

A tua cabeça entende a urgência. Mas não te apetece nada!

E vais atrasando. Pedes opinião, perguntas como se faz, e não pões em prática nenhum conselho. Querias que, por milagre, a coisa se resolvesse, que começasse a apetecer, que mudassem as circunstâncias para não teres de mudar tu.

Falta-te decisão. Podem ajudar-te mas ninguém te vai obrigar. Tens de pensar e escolher o que queres, não o que é suposto quereres mas nunca decides. Usa a liberdade.

Precisamos de ti. Por isso, agora é para descansar, parar, mudar hábitos ou fazer tratamentos. O que o médico mandar.

Não vale a pena armar-se em forte, nem disfarçar fragilidades. Cuida-te e recomeçarás com mais força.

É o momento de desconfiares do teu jeito, da tua inteligência, da tua resistência. Para confiar em Deus e entregar-Lhe tudo.

Ele sabe. Deixa-O agora fazer por ti.

Se ninguém fala para explicar, cairemos nessa armadilha. Se não falamos para pedir ajuda, não sairemos dela.

A pornografia contamina o nosso olhar sobre os outros, desfaz a nossa alegria, engana a nossa autoestima, despreza a nossa relação com Deus, destrói a nossa vontade.

Tristes e insaciáveis, continuamos a permitir a exploração de alguém, o comércio dos corpos, a destruição das famílias.

A boa notícia? Podemos agir, pedir ajuda e ajudar. Recuperar a liberdade. Falando.

*

@da.oclique nasceu para isso. Segue. Mesmo sem precisar de ajuda, ajudas alguém.

Querias estar sempre entretido, viver continuamente com estímulos agradáveis: trabalhar com entusiasmo, rodeado de pessoas, rir muito, comover-se, agarrar desafios, ver coisas novas...

Mas não consegues e procuras recompensas no telemóvel. É o teu melhor amigo. Faz-te parecer ocupado, tem sempre novidades, prepara coisas para ti, faz-te rir e comove-te, está sempre disponível.

E diminui a tua vida interior, estraga a tua relação com os outros e seca os teus talentos. É quando estás aborrecido que és mais vulnerável: mau momento para escolher más companhias.

Deixa-te aborrecer. Lida contigo mesmo, sem disfarçar misérias. Aceita os momentos chatos da vida e aprende a enfrentá-los com verdade.

Noite. Sais, divertes-te, bebes um copinho, dois, dez... apanhas uma bebedeira. Pegas no carro, rumo a casa: – E se apanho polícia? Huf! Desta safaste-te.

Outra noite. Sais, divertes-te, bebes um copinho, dois, dez... apanhas uma bebedeira. Pegas no carro, rumo a casa: – E se apanho polícia? E apanhas mesmo! Que azar! Lá vai a carteira. A consciência pesa: nunca mais o repetes.

Moral da história: tem em atenção as consequências dos teus atos.

Tem. Mas essa não é a moral cristã! O problema não é ser apanhado ou visto, pagar uma multa ou ir preso. É o que escolheste fazer de errado, mesmo que não cheguem as consequências.

Farei como as crianças que sabem nada saber.

Acreditarei nas boas intenções. Calarei as birras pelos caprichos que não me concedem. Jogarei outra vez, com a mesma alegria, depois de perder. Ficarei envergonhado quando a soberba fizer caretas de adulto. Chorarei arrependido por ter desgostado alguém. Aceitarei simplesmente tudo o que me derem. Gritarei ao Céu a minha necessidade. Pedirei ao Pai que me explique.

E assim, livre, sorrirei.

Normas, regras, conduta... percebo o teu esforço, mas não a obcessão.

A obediência cristã é inteligente e livre: vive-se por amor. O que é imposto só se aceita por medo.

À tua autoridade e eloquência, pode ceder um ou outro. Irresistível é o amor de Cristo.

Por onde queres começar o teu apostolado?

***

És um bom amigo? Partilhas com simplicidade o lugar que Jesus ocupa na tua vida?

E percebes que um santo não se faz num dia?!

Não podes ter aproveitado! Todo o tempo que ocupaste a tirar as fotografias, a escolher, editar, rejeitar e repetir todo o processo outra vez... não te deixa espaço para desfrutar dos momentos.

Importa mais que o vejam e que pareça que gostaste. Preferes os likes e os comentários à qualidade do momento!

Experimenta desligar. Faz coisas boas, divertidas, únicas... E não as registes: vive-as!

Não sejas orgulhoso, sabes que tem razão.

Custa-te que descubram as tuas fraquezas. Tu próprio só agora percebes esses defeitos!

Mas não é bom que te conheças? Não é bom que alguém tenha sido sincero contigo? Não é bom saberes onde deves pôr a tua luta? Não é bom poderes contar com quem te quer ajudar?

Então, o único problema é essa pequena humilhação! Que, na verdade, só te faz bem. Deixa-te de lamentações e põe outra cara!

Diante de Deus, nunca deixes de ser criança. Confiado, alegre, necessitado, deslumbrado... E, com essa simplicidade, larga as criancices que já não são para a tua idade. Cresce.

Ocupa-te com o necessário, mesmo que não te divirta nem entusiasme. Põe de parte grandes expectativas, se te tiram do essencial. Sê discreto e vive para servir. Cumpre o teu dever. Estuda e aprofunda no que fazes. Não queiras parecer vinte anos mais novo. Luta pelas relações difíceis e não te dês só com aqueles sobre quem tens ascendente. Monta os planos que os outros gostam e precisam. Modera a excitação. Fala menos de ti.

Que pequenino deves ser para conseguir ser adulto!

Não somos católicos sozinhos. Precisamos da comunidade, de uma casa onde nos cuidam e fortalecem.

Mas fomos feitos para o mundo e para a missão. Deus conta conosco para sair ao encontro dos outros, sem medo. Para ser rosto e luz de Deus.

É seguro o conforto do teu grupo católico. E bom. Mas aí recebes o impulso necessário para ser testemunha diante de quem é diferente, e pensa de outro modo, e tem outro estilo. E não tem nem ideia de Deus!

O mundo não é a tua bolha.

É importante que faças o primeiro: admitir que todos podem ter uma opinião e que podem defendê-la. Não tens que a considerar boa, nem verdadeira, mas deves respeitar a sua liberdade.

Mas também é importante que faças o segundo: exigir respeito! Se amas Cristo, entregaste a Deus a tua vida e queres apresentá-lO a outros, não podes viver encolhido! O que vives é bom! Não o deves esconder por medo a incomodar.

Defende-te! Isto do respeito não funciona só para um lado.

Fugimos da Cruz. Desviamos o olhar diante do corpo chagado de Cristo. Evitamos recordar as dores do Senhor no horto, na flagelação, na coroação de espinhos, no julgamento, no abandono, na sua via sacra. Queríamos a ressurreição sem o calvário.

Mas a cruz é a glória de Jesus. E a nossa. Não há alternativa senão abraçá-la. Nem há alegria sem a sentir.

Masoquismo? Não, amor. O de quem dá a vida pelos seus amigos. O de quem sente dor pelos pecados que crucificaram Jesus.

Une-te à Cruz e a tua vida cristã ganhará outro impulso. O amor prova-se na dor.

Se preferires fugir, carregarás muitas outras cruzes. Mais pesadas porque não são a do Redentor.

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