Tema: Páscoa

Jesus morreu por cada um de nós. A fé e o amor que nos unem, que Ele conquistou com a Sua morte e ressurreição, são muito fortes.

E, mesmo assim, continuamos divididos.

Achamos que cremos, amamos ou rezamos melhor que outros católicos. Que devemos ser tidos em conta, que os outros são soberbos. Há dois mil anos que não conseguimos trabalhar juntos.

Talvez seja assim por mais dois mil. Mas como é pela unidade que nos reconhecerão discípulos de Jesus, faz pelo menos a tua parte. Serve, sorri, cede e não desistas. Para que vejam Cristo em ti.

Começa a Quaresma. Tens propósitos?

Lembra-te que não é simplesmente um tempo para enrijar, fazer e sofrer mais! É um tempo de oração, para estares mais perto de Jesus. E essa proximidade será a razão da tua esmola e do teu jejum.

Para poder dar mais a Deus, tens de receber mais Dele.

Sentes com força o peso da luta. As fraquezas desanimam-te, a tentação arrasta-te, a soberba entristece-te.

Não, não é questão de força. Deves deixar-te ajudar por Cristo, que alcançou, cravado na Cruz, o remédio para as tuas fraquezas. Unido a Ele, conseguirás libertar essas cadeias. Sem Ele, apenas te atarás a outras. Aliviado ao início, escravo na mesma.

Mas, com a delicadeza que prefere almas enamoradas, Jesus deixa-te escolher. Escolhe a liberdade.

É mesmo verdade, ressuscitou! Jesus tomou consigo a nossa vida e, vencendo a morte, deu-nos uma vida nova.

Viver é agora outra coisa. A vida não termina, a morte não a derrota. Ganham sentido as lutas, as dores, as dúvidas. Têm resposta os medos e fragilidades.

Cristo convida-te a nascer de novo, abandonar o que é velho e deixar que Ele viva em ti.

Não é um convite de há dois mil anos: Ele está vivo. Vive.

*

Uma Feliz Páscoa para todos!

A morte de Cristo deixou-nos perplexos e tristes. Ele tinha-a predito mas a nossa fé era ainda fraca.

Fomos ter com Maria, que nos consola e recorda as promessas de Jesus. Ainda não acreditamos mas a sua ternura alivia-nos.

Como naquele sábado, Maria é fonte de esperança para os discípulos de Cristo. Testemunho de fé em Deus e atenção aos seus filhos.

É ela o refúgio seguro para fugir da tristeza e o caminho de regresso quando, por tolice, voltaste a perder Jesus.

Preso por amor à cruz, Jesus experimentou todas as nossas dores. Sentiu enquanto homem a solidão do pecado que nos afasta de Deus. À nossa revolta perante a cruz responde abraçando-a, para a carregar connosco.

E nesse despojamento, sofrendo quanto podia sofrer, é ao Pai que se dirige.

Abandona-te em Deus. Sobretudo quando parece que Deus te abandona.

Na última ceia, antecipando a Sua entrega completa na cruz, Jesus deixa aos apóstolos a Eucaristia.

Não chegou deixar-nos a boa memória de uma nova mensagem, não chegou sequer deixar-nos o Seu espírito: fica Ele mesmo em corpo e sangue, alma e divindade. Sentimos, tocamos Deus no pão consagrado.

Deixando-me o Seu corpo, Jesus pede-me também o meu: a minha entrega há-de ser completa, total. O homem que Deus quer redimir não é um espírito, é alma e corpo, que abraçarão o glorioso corpo de Cristo na eternidade. Esse momento que antecipamos ao comungar em cada Missa.

*

Começa o tríduo pascal. Recolhe-te.

Foram os pecados dos homens que pregaram Jesus à cruz.

–Não os meus, que são poucos, mas desses outros pecadores. Eu preocupo-me por não prejudicar ninguém: isso é que é um verdadeiro pecado. E a isso é que a Igreja devia estar atenta, sem se meter na vida privada de cada um...

Desculpa insistir: os pecados que pregaram Jesus à cruz foram os meus e os teus. O orgulho, a murmuração interior, os julgamentos, a indiferença a Cristo, o desprezo da Igreja, o desrespeito pelo que é divino, a inveja...

A dor pelos pecados é o caminho que o amor procura para se converter e não perder a alegria. Contentar-se com ser, aparentemente, boa pessoa é o mesmo que não ter fé. E não perceber o que aconteceu na Páscoa.

Jesus entra hoje em Jerusalém sob o aplauso dos mesmo que O entregarão à morte em poucos dias. Somos assim tu e eu: caímos com estrondo depois de declarações de paixão a Cristo.

Começa a semana santa. Deixa-te mover pela Paixão do Senhor para que o teu coração compreenda a paixão com que O deve amar. A que aceita padecer.

Vive a Paixão de Cristo com Ele. Oferece-te para carregar a cruz e sofrer pelos homens. Não és apaixonado se viras as costas sempre que custa um bocadinho.

Vai começar a semana em que Jesus se entrega para nos salvar. Mas para nos salvar do quê?! Estamos em perigo? Sim.

O perigo de uma vida sem esperança porque sem sentido.

O perigo de achar inútil o que acaba com a morte.

O perigo de desesperar na culpa sem conhecer o perdão.

O perigo de viver na mentira por não poder ver a verdade.

O perigo de não amar por não se saber amado.

O perigo da tristeza eterna longe do Pai que nos criou para Si e para uma felicidade sem fim. O inferno.

Para nos salvar de tudo isto, Jesus morreu na cruz e venceu a morte. Unidos a Ele, tu e eu podemos chegar ao céu. Mas com a vida confortável que temos, pode parecer que não faz falta. Tic-tac, tic-tac, tic-tac...

Pergunto-me muitas vezes porque sofro. Às vezes irritado, outras resignado. E só me abeiro da aceitação quando o pergunto a Ti, Jesus.

Não é que me expliques. Mostras.

Com a Tua paixão e morte, suportaste o que eu passei, aceitaste-o, amaste-o. Na tua dor está a minha, que já não tenho que levar só.

Olhando para a cruz, às vezes fica mais claro. Fica sempre mais fácil. Sozinho é que é difícil.

*

Pela devoção à via sacra de Jesus viverás melhor esta quaresma. Aparece hoje na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, às 21:00, para acompanhar, com o Patriarca, os passos de Cristo na Sua paixão.

A saudade, o desamor, o destino. O peso de uma vida que guardamos em canções, belas e nostálgicas, lamento do que não se recupera nem chegaremos a ser.

Parece que preferimos padecer, suportar a vida, aguentar, ir andando. Como cristãos tristes que aumentam o fardo que carregam, encontrando consolo nessa fatalidade.

E a esperança?

A quaresma leva-nos à ressurreição. Cristo venceu e ficou connosco. O sorriso, o otimismo e o bom humor, não são virtudes de ingénuos, mas certezas de quem encontrou a Vida.

*

Já viste o cartaz do @faithsnightout dia 24? Uma oportunidade de ouvir testemunhos de esperança. E um bom modo de viver a quaresma.

Esta quaresma é que vai ser! Tens um plano de penitência exigente e jejuas de quase tudo! De caminho, ainda emagreces e bebes a água que devias!

Não centres a quaresma no que te custa, centra-a em Jesus. Só assim terá sentido a tua penitência e fundamento o teu desejo de conversão.

Então sim, farás o que tens a fazer, por aquilo que Lhe custaste: a Sua entrega, por amor, na cruz.

A ressurreição é um acontecimento espantoso, incompreensível, único... e verdadeiro.

Também os discípulos, diante do Senhor ressuscitado, estavam incrédulos e espantados. Como nós, no meio de um mundo que nos diz que nem tudo é possível ao criador.

Mas não temos só uma ideia de Deus. Temos a experiência, a amizade, a alegria. A nossa fé toca-se! Vem e vê.

Jesus está vivo.

Não O notas ao teu lado no caminho? Não O ouves em tantas palavras que te despertam? Não sentes arder o coração no consolo dos teus irmãos? Não O reconheces na Eucaristia?

Ressuscitou e veio ao teu encontro. Como em Emaús, rezo para que se abram os teus olhos e O convides a ficar, antes de se fazer tarde.

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