Os problemas de quem gostas mexem contigo. E o teu coração cristão faz-te estar disponível. Tens uma vontade grande de acompanhar quem passa por um mau momento, quem sofreu uma perda, quem teve um acidente. O choque da notícia ativou a tua compaixão.

Mas o tempo passa. Habituas-te à condição dos outros. O que antes comovia já entrou na rotina. E a tua disponibilidade para cuidar vai caindo no esquecimento.

"A fidelidade no tempo é o nome do amor."

É o momento de provares a tua amizade. De estar presente quando o problema não é novo, mas dói ainda mais a quem o sofre. Deixa que aqueles que precisam de ti compliquem a tua vida.

Deus vem. Veio e vem hoje. Vem ao teu encontro e quer permanecer ao teu lado. Não te esqueceu, chama continuamente o teu nome.

Deixa-te encontrar. Não digas que não tens tempo, não digas que não precisas. Não escolhas outros deuses.

Não caias na armadilha de achar que se pode viver sem sentido. Ou que este se encontra em coisas caducas.

Ajoelha-te, com humildade, para acolher Deus que quer subir para o teu colo. Bom advento.

Não fizeram nada de especial, não têm uma posição relevante. Não são criminosos, nem grandes malucos. Ninguém os adora, ninguém os odeia. Não são conhecidos, não são desprezados. Não têm um papel de destaque. São gente comum.

Também és um deles? E passa-te pela cabeça um grande desejo de ser conhecido, de ser adorado? Ou de fazer extravagâncias para que alguém fale de ti?

Deixa-te estar. Que boa oportunidade de fazer o bem discretamente, de provar a tua amizade no pequeno círculo que te rodeia, de construir uma família sólida, de trabalhar com responsabilidade. De dar valor ao que te foi dado.

Para Deus não há gente comum. Ele liga-te.

Reconhece diante de Deus –presente no padre que te ouve– os teus pecados. Concretos. De forma clara.

Coisas como: fiz de tudo, portei-me mal nesse campo, pequei contra este mandamento... Não são mentira, mas não te ajudam ao arrependimento nem a pedir perdão.

É natural de te custe falar das coisas concretas em que ficas mal. Ainda tens sensibilidade. Podes pedir ajuda ao sacerdote dizendo que queres falar de um tema mas tens muita vergonha.

Não te confessas porque podias ser melhor. Confessas-te porque erraste: pede perdão por esse erro. Para receber um abraço de Cristo, é claro que compensa.

E será que, quando ensinas o que sabes, levas outros a amá-Lo.

Sim, tens essa intenção. Mas também é verdade que a tua postura nem sempre o mostra. Entusiasmaste-te com a batalha, encheste-te de autoridade, decoraste as definições.

E, quando te ouvem, não percebem o que dizes. Nem sentem simpatia por Aquele que apresentas. Não vais ao encontro de dúvidas: despejas respostas. Não vais ao encontro das pessoas: do alto da tua sabedoria, não podes inclinar-te sem medo de cair.

Continua a querer saber muito sobre Deus, também com o coração. Não O tentes fechar na tua cabeça, que, por muito que saiba, sabe muito pouco.

Lembras-te? A tristeza em que o Senhor te encontrou? O desalento de uma vida repleta de coisas humanas mas sem sentido? A consciência de uma pesada solidão mesmo rodeado de gente?

E o alívio que experimentaste? A paz que nunca tinhas tido? A companhia que sempre lá esteve sem que nunca tivesses notado?

Recorda-o agora que estás cansado e a tentação é mais forte. A saudade dos prazeres antigos é persuasiva, mas também sabes que é amarga e passageira. Resiste.

E pede. Aquele que já te resgatou vai buscar-Te a qualquer lugar. Mas preferia que não saísses do Seu lado.

Isto é para o papelão, este é maluco, garrafas é no plástico, o outro é um egoísta. Esferovite não sabes, mas é lixo; aquele não sabes, mas é para estar longe. Lês etiquetas para separar, pões etiquetas para te afirmares. Separas o lixo para que alguém o recicle, mas nunca recuperas a honra de ninguém.

Tens demasiada facilidade em julgar pessoas que conheces mal, por coisas que ouviste dizer. Jesus, que te conhece como ninguém, é bem mais brando contigo.

Oxalá descubras a caridade antes que te comecem a tratar como lixo.

Pequeno e indefeso, necessitado e dependente. Cansado do trabalho, sujo dos caminhos. Pobre, simples, humilde. Com fome, com sede, com sono. Alegre, atento, comovido. Manchado de sangue, ferido. Preso, morto. Vivo.

O Rei é este.

Desce do teu trono.

Há muitas receitas que resolvem partes da tua vida. O plano de treinos funciona, a dieta funciona, os exercícios de respiração funcionam, a aplicação funciona, a rotina funciona, a meditação funciona, o yoga funciona... E a sensação de estares a resolver, uma a uma, todas as tuas necessidades, distrai-te da que verdadeiramente interessa.

Quem és tu? O que estás aqui a fazer? Por que tens de morrer?

Não deixes de procurar a verdade. Ela existe com luz suficiente para quem a quer descobrir. E importa mais que as soluções parciais que vais desenrascando.

Talvez algumas receitas ganhem mais sentido, talvez percebas que outras eram enganos. Talvez aceites que não há receita para tudo. Melhor: há Deus.

Tenta aceitá-la.

Empenhamo-nos muito em tentar acabar com a dor. Às vezes bem, usando a ciência para dar mais qualidade de vida aos que sofrem. Às vezes mal, fomentando uma cultura de descarte que nos livra do peso imediato para nos fazer sofrer mais tarde.

Não vamos acabar com a dor.

Olha para a Cruz. Unido a Cristo, não deixarás de sofrer, mas podes encontrar a alegria.

Não te julgo, não sei o peso que carregas. Sei que Deus nunca permite o que não podes suportar. Sem Ele, é mais difícil.

Ou Deus existe, ou não existe.

Ou Jesus é Deus, ou é um homem como outro qualquer.

Ou há vida depois da morte, ou acaba tudo num instante.

Ou Cristo ressuscitou, ou é um impostor.

Ou a Eucaristia é o corpo de Jesus, ou não é mais do que pão.

A verdade não deixa de o ser por tu não acreditares. Não dá para ficar no meio. Podes afirmar a dúvida mas, na prática, ou vives como se Deus existisse, ou como se não existisse.

E se for tudo verdade?

Com boa intenção, procuras ajudar quem tem dificuldades. E para não pesar ainda mais, assumes a postura de quem não tem problemas. Parece que a vida te corre sempre bem.

Não estranhes se a tua ajuda for mal recebida. É que é difícil estar tanto com um sortudo, quando se está cheio de azar. Não se partilha uma carga com quem nunca teve uma. Não se estraga uma vida fácil.

E como não é verdade que não tenhas problemas, essa postura bem intencionada também soa falsa. Um verdadeiro amigo seria mais sincero. Como tu podes ser.

Não ajudas quem está mal por estares bem. Ajudas porque precisa, porque podes, porque tentas compreender. E porque tu próprio pedes ajuda. Assim sabes como ajudar.

Tens dúvidas. Inquieta-te a decisão a tomar. Não compreendes o que aconteceu. Querias certezas.

E Jesus em silêncio. Como na barca agitada pelo vento, como diante da mulher que queriam apedrejar.

Já tiveste a Sua luz noutros apertos. Agora não diz nada. Nem sequer sabes por que se calou.

Talvez te peça que sejas tu a falar. Que não deixes de implorar a Sua ajuda, não o tempo que tu quiseres, mas o tempo que Jesus te pedir. Que confies na promessa de que estará sempre contigo, ainda que não O ouças agora.

Ou que estejas mais desprendido e atento. Talvez esteja só a falar baixinho.

Eu já sabia, eu avisei, como eu tinha dito, eu costumo dizer, se ouvisses o que eu te digo, se me tivesses perguntado, eu sei do que estás a falar, então não sei?, eu conheço perfeitamente.

És muita chato! Quando fazes uma boa acção avisas toda a gente, para os poderes ensinar!

Há outras expressões que podes usar mais: obrigado, bom trabalho, gostei muito, parabéns, desculpa, o que achas?, precisas de ajuda?, força, posso sugerir?

E também podes ficar em silêncio.

Eu já sabia, eu avisei, como eu tinha dito, eu costumo dizer, se ouvisses o que eu te digo, se me tivesses perguntado, eu sei do que estás a falar, então não sei?, eu conheço perfeitamente.

És muita chato! Quando fazes uma boa acção avisas toda a gente, para os poderes ensinar!

Há outras expressões que podes usar mais: obrigado, bom trabalho, gostei muito, parabéns, desculpa, o que achas?, precisas de ajuda?, força, posso sugerir?

E também podes ficar em silêncio.

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