Há gatos bem cuidados. E velhos também. Há velhos abandonados. E gatos também.

Entendo o teu empenho em cuidar dos gatos. Mas não entendo a indiferença em relação aos velhos. Não há um único animal à frente de uma pessoa.

Cuida do gato se te der pena, se estiveres ligado, se for companhia. Cuida do velho porque é um dos teus. É sempre.

Custa mais, complica a vida? É o que estás chamado a fazer: servir. Pensa onde podes ajudar e começa, pensa o que podes prever e prepara-o.

Também há velhos que cuidam de gatos. Talvez disfarçando a pena de uma enorme solidão. Ajudamos?

Mudaram algumas circunstâncias da tua vida. E sem aviso prévio, foste desaparecendo. Não respondes, quando respondes és vago. Não apareces, nunca podes.

Deste lado ficou, primeiro, a ideia de que estavas chateado. Mas percebemos agora que estás com vergonha.

Talvez penses que não aprovamos o que mudou na tua vida. Ou que te vamos apontar o dedo, ou pedir contas. Ou até que já não estás à nossa altura.

Desculpa se foi a ideia que passámos.

E responde. Tem de ser possível conversar, faz falta a proximidade dos amigos. Não chutes a porta que deixamos aberta para voltares.

Estamos na semana de oração pelas vocações.

Não precisas de rezar para a ter, porque já a tens. Não precisas de rezar pela quantidade, porque não são os números que importam.

Reza, sim, para que mais e mais gente veja o que Deus lhe pede. E se entregue com amor a esse caminho de felicidade. E seja fiel ao que prometeu, até ao fim.

É verdade que o número descansaria um pouco. Descansa em Deus que nos pode fazer santos. E vais ver que os números se compõem!

Jesus, estou sempre a pesar a minha imagem. A estragar as coisas boas que me dás, por medi-las com o orgulho, contando os elogios, pedindo que me amem.

E não quero perder os Teus dons por não ser agradecido, por não reconhecer que sou um incapaz e que Tu podes tudo.

Muda-me. Que eu viva por Ti, sem contaminar, com o amor próprio, a Tua glória. Que viva na Tua sombra, alegrando-me com o que Te alegra, procurando o que Te dá gosto.

E que fuja das coisas aparentemente boas que me afastam de Ti.

Não tens, por vezes, a sensação de estar a embrutecer? Ficas horas a consumir conteúdos inúteis. Dá para rir, passar o tempo, aprender umas curiosidades... mas não fica nada.

E vais perdendo a vontade de ler, tens dificuldade em formar opinião, preferes mudar de tema quando a conversa é séria, dizes coisas com piada mas nunca interessantes, tens menos recursos para pensar, explicas-te mal.

Não deixes que as distrações sejam o que te forma. Com disciplina, tira-as do tempo de trabalho, vai mais fundo no que tens entre mãos, estuda, interessa-te.

Podes mais, não sejas básico.

Gostamos de histórias de vida certinhas, em que cada passo é dado na altura certa e fica resolvido.

Sabia o que queria e foi o que estudou. Sonhava com o trabalho que conseguiu. Viu a vocação, entregou-se e está feliz. Tinha planos e cumpriu-os.

Mas o teu caminho tem mais percalços e é arrancado a ferros. Indeciso no que queres, em caminhos sem saída, tentando o que não funciona. O tempo passa e tu sempre a recomeçar, sem a segurança do previsível.

Nem os outros caminhos são assim tão perfeitinhos, nem o teu é pior por ser acidentado. É o que Deus sabe que precisas, ainda que te troque as voltas. E, com altos e baixos, irás ter ao mesmo sítio.

A partir do dia 7, os cardeais vão eleger um novo Papa. Cá fora alinharam-se as claques: tantas quantas as opiniões. Tem que ser este, ter aquele perfil, se não for assim vai correr mal, o outro é melhor, precisamos é deste estilo.

E sem qualquer razão (não têm relevância no processo), vão instalando a desconfiança em alguém a quem queremos prometer obediência.

Formemos uma claque, sim. Que apoia todos, que suporta o conclave. Que grita ao céu pela oração, que confia a Deus o rumo da Igreja. Que reza com fé e sentido sobrenatural. E que não põe ninguém de pé atrás.

Grande coisa é ser professor!

Enquanto pensamos em produzir, mostrar resultados, fazer fortuna, carreira, subir... há uns quantos que preparam os mais novos para a vida.

Discretos ou desconhecidos, alguns amados mas esquecidos, dispostos a dar o que sabem e o que são.

Tens muitos talentos para fazer render e alcançar muito sucesso. Mas não deixes de perguntar se os podes utilizar para o sucesso dos outros.

É uma vocação. Se a tiveres, quanto bem podes fazer.

Tens muitas, mais ou menos estudadas e discutidas. Mas ainda que as ultrapassasses todas, sobraria a maior delas: era admitir que não tinhas razão.

E como custa!

Basta dizê-lo para te começares a inquietar, a pensar no que vais responder, nos argumentos fortes, no modo de humilhar...

Mas, olha: não há ninguém para derrotar. Isso é entre ti e Deus. Ele espera, paciente e humilde.

A vida sem Deus é escura. Às vezes temos umas baterias de luz própria, ilusões fugazes que dão um pouco de segurança para logo nos deixarem encerrados de novo na escuridão.

Temos luz porque a recebemos de Deus. E então, que espanto, que esplendor! Tudo tem uma cor diferente, descobrem-se maravilhas, sobressaem os mais pequenos pormenores.

Aproxima-te desta fonte. É que andas encantado com a lanterna do telemóvel! E quando a bateria acaba, vives de latas de conservas...

Que filmes passam na tua imaginação! Sem razão nenhuma, tens sempre medo que aconteça o pior. Se é possível? Sim, é possível... Mas tão pouco provável quanto podes comprovar que nunca acontece assim.

A tua vida segura por prudência é, na verdade, encolhida por medo.

Confia e arrisca mais. Vive com a liberdade de quem sabe que Deus está atento.

Também faz parte da entrega aceitar o que não podes controlar. Dá o comando a Deus.

Hoje é o domingo da Divina Misericórdia. A misericórdia de Deus que és chamado a imitar.

Vai ter com quem estás magoado e reconcilia-te. Perdoa a quem te pediu perdão. Limpa do teu coração todo o ódio e indiferença. Reza por aqueles de quem tens pensado mal.

Com todos eles, Deus é misericordioso. Serás tu capaz de o ser?

Se não for contigo, é fácil e bonito falar de misericórdia. Mas quando te pisam...

Mas foste diligente, tentaste o que podias, fizeste como pensavas que sairía bem.

É uma oportunidade para conheceres os teus limites, a tua verdadeira capacidade. Não tens aquele talento ou não o tens como gostarias (ainda, pelo menos).

Custa! Há outros que também já sabem o que não fazes bem. Mas é um passo essencial para poderes crescer: seria ingénuo pensares que tens talentos para tudo.

És imperfeito. Nós sabemos. Era uma pena que não soubesses.

Afinal não posso, tenho uma Missa. Não deu, tive direção espiritual. Desculpa o atraso, o senhor Padre pediu-me uma coisa.

As razões não valem mais por serem religiosas. Se tinhas marcado, ias. Se estás comprometido, cumpres.

Não, não puseste Deus em primeiro. Puseste a tua desordem e o comodismo que aproveita "desculpas de peso". E esse refúgio religioso, que usas para falhar ao que prometes, não traz à Igreja nenhuma simpatia.

Não sejas clerical.

Tens que acelerar, entrar no ritmo. A ponderação é coisa de outros tempos.

Profundidade? Sentido? Descomplica, tens que entregar. Se te mexeres muito parece que fazes bem: é o que fazem todos. Vamos, produz! Não fiques para trás...

Mas tu sabes que não te encostas. Tentas fazer bem feito, queres dar prioridade a Deus, à família e aos amigos, vais a fundo no que tens entre mãos. Pensas, estudas. E acham que não trabalhas!

Se podes, fica tranquilo. É preciso segurar esta gente!

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