Enquanto esperas o autocarro, perdes-te no telemóvel ou lês? Enquanto esperas uma resposta, perdes o tempo ou começas a trabalhar noutra coisa? Enquanto esperas pelo sono, soltas a imaginação ou rezas? Enquanto esperas uma chamada, tens o telefone longe ou perto? Enquanto esperas o momento certo, estás distraído ou atento? Enquanto esperas um convidado, destróis ou arrumas a casa?

Enquanto esperas, vives de tédio ou de esperança?

E agora que esperas Jesus, por que estás tão longe? O que podes ler? O que podes rezar? O que podes tentar? O que podes corrigir?

Ativa o Advento!

Mas é a que há!

Às vezes podes comer o que gostas. Outras vezes deves comer o que alguém fez, o que outros gostam, o que for mais barato. E, se sobrar, ainda repetes no dia seguinte.

Tens muitos caprichos em casa. Mas era em casa -onde és chamado a servir primeiro- que devias ter menos.

Podes perfeitamente passar um dia sem as tuas coisinhas preferidas. Não faças birras: come. Se não te faz mal, só te faz é bem!

Estás preso nas redes há horas. O isco foi um algoritmo que parece conhecer-te melhor do que tu e te apresentou exatamente o que desejavas.

Depois foi-te mostrando mais coisas apetitosas: uma piada, um corpo perfeito, um gesto satisfatório, uma frase escandalosa, uma coisa barata, um elogio...

Não dás pelo tempo a passar, não queres saber quanto passou. Há uma leve censura, escondida na consciência atrás de um meme, a sugerir que essa perda de tempo te está a fazer mal. Que está a tirar lugar a coisas melhores, que está a dominar a tua vontade, o teu auto-controlo, a tua capacidade de trabalho, a tua entrega aos outros, o teu sono, a tua sede de contemplação.

O mar é muito grande. Se não reages com força, ficarás confinado a essa apertada rede, sem nada que te distinga de outros peixes. E com a inteligência e vontade de um deles.

És intolerante. Desprezas ou tratas mal quem erra. E sempre que te acusam, dizes que tens o dever de defender a verdade.

Certo, tens esse dever. Mas ele não te desculpa.

Podes defender a verdade com caridade. Podes defender a verdade defendendo também as pessoas.

Não é fraqueza, nem tibieza. É uma manifestação de amor. Se não tens vontade de lavar os pés a quem erra, não te armes em guardião do verdadeiro catolicismo.

Já tentei tanto. Já falhei tanto. Ainda serei capaz? Ainda vale a pena?

Parecia que estava perto e... outro trambolhão. Pensava que tinha conseguido, que estava conquistado, que agora seria fácil. E, afinal, a mesma fraqueza, o mesmo desamor.

Não posso mais, não sei outros truques, não tenho mais soluções. Mas Tu podes. E mesmo que não o sinta, sei que vale a pena.

Obrigado Jesus por me lembrares que não sou capaz de nada quando largo a tua mão. Perdoa-me. Eu sei que me queres livre, mas, quando me vires fugir, por favor, puxa-me com força.

Foi um elogio, ficaste contente. Mas devias, pelo menos, desconfiar. Não de quem o disse, mas de ti próprio.

Talvez te estivesse a comparar com uma imagem preconcebida e irreal dos católicos. Ou então, com aqueles católicos que dizem coisas que custa ouvir.

E, neste caso, será que é bom ser diferente dos outros? Deixas para eles a parte difícil e ficas com os louros? Deixas para eles a verdade enquanto te limitas a repetir generalidades?

Não te queiras destacar. Se estás na verdade, que não te preocupe ser como os outros. Queima-te.

Jesus vem ao Altar onde se celebra cada Eucaristia. Vem com o Seu corpo, sangue, alma e divindade. Vem disposto a entrar em ti para te transformar, para te endeusar.

Se queres preparar bem o Natal, vai à Missa.

Ainda que faças coisas incríveis e sejas muito dotado. Que sejas o melhor e tenhas transformado a pastoral. Que os frutos sejam visíveis e abundantes.

Quando saíres tu, entrará outro. Se não fizerem como tu fazes, farão de outro modo. Se os frutos não forem imediatos, virão depois.

Por isso, deixa por momentos esse olhar crítico sobre o trabalho dos outros. Não comentes tudo, não digas como farias, não faças birras, não sejas irónico. Aceita fazer como eles pensaram. Com boa cara, com empenho, confiando no Espírito Santo.

Deus também consegue fazer coisas boas sem ti!

Nossa Senhora nasceu sem pecado e sem pecado foi elevada ao céu. Nenhum. Zero.

Já falhaste essa meta. Mas conhecer uma criatura tão bela e pura, há de fazer nascer em ti o mesmo desejo de amar Deus sobre todas as coisas. E de recomeçar com esperança depois de cada queda.

Pede-lhe hoje a mesma simplicidade com que Ela glorificou o Senhor. E a convicção de que Deus faz mais com a tua humildade do que com o teu talento.

Não tem mesmo. Por isso, deves desculpar.

Não vale a pena insultares o senhor com 100 anos que se atrapalha no trânsito. Não vale a pena dizeres mal do cunhado novo que ainda não sabe as regras da família. Não vale a pena desesperares com uma pessoa que é lenta porque está doente.

Há gente que está por obrigação onde não consegue ou não sabe estar. Não te chateies, explica. Não julgues, acolhe. Não têm culpa.

Tu próprio, às vezes, atropelas tudo e nem te dás conta. Falta-te noção. Mas, sobretudo, falta-te alguém paciente, que te compreenda e ajude. É o que podes fazer aos outros.

Como se tivesses sido criado para te condenares e tivesses em mãos a impossível tarefa de o evitar. Tens um discurso exigente, feito com as palavras mais duras da Bíblia e as ideias mais radicais dos santos. Vigias os costumes e assumes nos outros intenções erradas.

Mas nesta cruzada nem tu te converteste! Essa exigência toda não fez de ti melhor cristão. Não cresceste em caridade, não confias na oração, não vês Deus como Pai, nem Cristo como irmão. Não é assim que vais vencer os defeitos que te envergonham. E que temes.

Foste criado por amor e para amar. Deus quer-te junto Dele agora e na eternidade. E está empenhado nisso. A união com Jesus pode ser exigente mas traz paz, esperança, alegria, serenidade. Deixa-te ajudar.

Essa figura amável é Ele. Não temas.

Houve um momento em que achaste que irias estar sempre espiritualmente em altas! Era tal a alegria e a serenidade que não pensavas possível sair desse estado.

Mas deste por ti outra vez preguiçoso, sem vontade para as coisas de Deus. E voltaram as tentações. E as quedas. E a consciência da fragilidade.

Se estivesses sempre bem serias um orgulhoso. Tens de voltar a procurar, sempre. Redescobrir o amor de Deus e vencer-te nas entregas difíceis, que já foram fáceis. E perseverar.

O Advento é bom para isso.

Os católicos que te irritam, que achas pouco livres e naturais, que parecem ter nascido num dia de sorte, que, para ti, ligam demasiado a regras e a tradições, que conheceste em pequeno, todos vestidos de igual... são como tu.

Têm as mesmas lutas e paixões, as mesmas dificuldades e fraquezas, a mesma ignorância e a mesma necessidade de Deus. São tão bons ou tão maus como tu, capazes do melhor e do pior.

E lutam.

Já sei que te irritam, mas não te percas em ninharias externas que não definem ninguém. Nem os que te irritam, nem os que irritas tu.

O meu amor por ti não é exclusivo. Não sei se é. Agora apeteces-me, amanhã logo se vê. Compromisso? Calma, preciso de te experimentar. Se me agradares, talvez pense nisso. A vida é minha, dou-te uns dias. Também não quero a tua, quero uns dias. Não sei quantos. Se te incomoda, podes ir, um pedaço já cá canta. Leva também um. Guardo o resto para quem vier. Os restos.

Feio, não é?

É bem mais belo o que dizes quando a entrega é única, exclusiva e fiel. Como o amor deve ser.

Esses loucos que esperam pelo casamento, talvez sejam, afinal, os mais sensatos.

Como esperas que seja? Fácil? Cego? Talvez uma harmonia sem esforço? Alguém sem defeitos? Ou com defeitos fáceis de amar? Uma certeza inquestionável? Uma compreensão total?

Desculpa desiludir-te: assim não existe. Pelo menos mais do que um mês!

Podes procurar ou esperar esse amor verdadeiro. Mas só o encontrarás depois de o escolheres. No primeiro dia e em todos, até ao último. Por amor, não por segurança.

Deus é Amor verdadeiro. Se os outros amores que escolhes te aproximam Dele, mais verdadeiros são.

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